Jesus | A mensagem do Coração Parte #2

 JESUS - A MENSAGEM DO CORAÇÃO

Segunda Parte

SIDNEY FERNANDES


A última folha

Suzana e Joana eram pintoras e haviam chegado recentemente a Nova Iorque. Em dezembro ocorreu grande epidemia de gripe que atingiu Joana e evoluiu para uma pneumonia. Durante dias ela permaneceu acamada, olhando pela janela uma parede branca do prédio do outro lado da rua, enquanto Suzana fazia tudo para animá-la.

Ao aproximar-se o Natal, iriam para a Flórida, pois o sol daquela região ajudaria Joana a reanimar-se. No entanto, o médico estava preocupado e disse a Suzana que a febre não estava cedendo e a doente estava desanimada. A viagem lhe faria bem, desde que Joana reagisse, para viabilizar a cura. Assim que médico saiu, ela foi até o quarto da amiga e falou:

O médico disse que a febre baixou e poderemos viajar em dois dias para a Flórida, onde você ficará ótima.

Joana estava deitada sob cobertores, olhando para a janela, contando baixinho:

Vinte e um   e um pouco depois — vinte.

Ela estava olhando para uma velha parreira que subia pela parede e que via da sua janela. A brisa fria de dezembro havia levado quase todas as folhas. Joana disse:

Três dias atrás havia quase cem folhas. Agora há somente dezenove. Quando a última folha da parreira cair, eu também partirei.

— Que bobagem — disse Suzana. Que ligação há entre essas velhas folhas e a sua saúde? O médico disse-me nesta manhã que você está melhorando. Logo viajaremos para passar o Natal na Flórida. Prometa-me que não vai olhar mais para essa janela.

Está bem — falou a enferma, sem a menor convicção de que iria cumprir a sua promessa.

No andar de baixo morava o velho senhor Bernardo, um pintor de oitenta anos, frustrado porque não havia conseguido ainda pintar a sua obra-prima. Era um homem bom, que se considerava protetor das duas jovens artistas, que viviam no andar de cima. Era portador de um tumor nos pulmões que o estava consumindo e, mesmo assim, recusava-se a internar-se para tratamento adequado. Suzana foi encontrá-lo em seu mal iluminado ateliê e lhe falou a respeito das folhas da parreira:

— Temo que Joana acabe por morrer, quando cair a última folha, pois está convencida disso.

Bernardo quis subir para visitar a pobre doente, que estava dormindo, quando lá chegaram. Olhando pela janela viram, assustados, que restavam apenas oito folhas na parreira. Caía uma chuva miúda quando retornaram para seus aposentos. Suzana deitou-se em sua cama, sem coragem para olhar pela janela.

Acordou pela manhã com Joana a sacudi-la, eufórica:

— Venha ver! — falou, animada. Suzana foi até ao quarto de Joana e teve uma surpresa. Mesmo com a chuva e o vento da noite anterior, uma folha estava dependurada na parreira. A última folha!

É um sinal — disse Joana. Deus está segurando a folha para eu não morrer. Vou viver, Suzana, Deus quer que eu viva!

Os dias foram passando e a folha permanecia firme, nos ramos da videira. Quando o médico examinou Joana, surpreendeu-se com a sua melhora. Considerou-a milagrosa, pois ela estava sem febre e sem tosse. Se tomassem os devidos cuidados, poderiam viajar para a Flórida.


Suzana desceu com o médico até o apartamento de Bernardo, que também havia contraído pneumonia, ajudou nas providências de sua internação e depois visitou-o no hospital. Pouco depois as duas amigas embarcaram em avião para a Flórida.

Após quinze dias maravilhosos no sol e ao calor da Flórida, ambas voltaram para Nova Iorque. Tiveram a triste notícia da morte de Bernardo. Joana estava forte e animada.

Será que ainda verei a folha da parreira? — perguntou Joana à amiga.

Tenho certeza de que sim, amiga. Mas, agora preciso lhe contar que Bernardo, antes de morrer, conseguiu pintar a sua obra prima, que jamais esqueceremos.

— Obra prima? Não estou entendendo — disse Joana.

Quando Bernardo soube que você havia colocado na sua cabeça a ideia de que iria morrer quando caísse a última folha da parreira, ele foi ao terreno baldio, de madrugada, enfrentou o frio e a chuva e pintou a folha na parede do prédio em frente à sua janela. Foi a obra da sua vida.

Abraçaram-se emocionadas e agradecidas àquele velhinho que apressara a própria morte para que ela não levasse Joana, com a certeza de que ele havia sido muito bem recebido na vida espiritual. Quem se dedica e se sacrifica em favor do semelhante é objeto de atenção especial da parte da divindade.


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